Por que não vivemos? – Projeto
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Este projeto consiste na continuidade e desenvolvimento do trabalho que vem sendo realizado pela COMPANHIA BRASILEIRA DE TEATRO desde a sua fundação. O grupo se destaca no cenário artístico nacional por apresentar propostas inovadoras fundamentadas num permanente processo de pesquisa e criação, com objetivos claros de elaboração de linguagem, aprimoramento de profissionais, intercâmbio e compartilhamento de idéias e formação de público. O projeto prevê à criação e montagem de uma peça inédita no Brasil do autor russo Anton Tchekhov: Peça sem nome ou Platonov.
Peça sem nome ou Platonov é um texto de juventude do autor russo. Foi descoberto depois de sua morte nos arquivos do seu irmão e só foi publicado e incluído em suas obras completas a partir de 1923. Apenas no final da década de 1990 teve traduções e montagens em importantes teatros da Europa e, desde então, a cada ano, esta peça tem novas encenações e versões de artistas renomados no mundo inteiro. Em 2000 teve uma tradução para o espanhol dentro de uma universidade chilena. No Brasil ainda não há nenhuma tradução da peça e poucos aficcionados pelo autor tem notícia dessa obra seminal. Existe, portanto, uma lacuna histórica e temos a oportunidade agora de preenche-la.
Peça sem nome ou Platonov foi encontrada ainda sem título definitivo e reúne questões fundamentais à revolução do teatro provocada pela obra de Tchekhov, como o deslocamento do conflito dramático para o interior dos personagens, a ruptura com os gêneros e a crônica implacável de seu tempo. Esta revolução tem um paralelo também com o nosso tempo. Assim como Tchekhov, vivemos uma época que não reconhece verdades absolutas e que está mudando substancialmente as bases da vida do homem e da sociedade, o tempo da reflexão, do reencontro com as raízes culturais próprias, à margem de ideologismos, o tempo no qual o enorme trabalho de transformação se realiza no interior das pessoas comuns. A época de Tchekhov é radicalmente parecida com a nossa, caracterizada como pós- industrial, pós guerra-fria, pós-moderna, pós-dramática, pós… tudo.
A peça trata de temas recorrentes em toda obra de Tchekhov, como o conflito entre gerações, as transformações sociais através das mudanças internas do indivíduo, as questões do homem comum e do pequeno que existe em cada um de nós, o legado para as gerações futuras, tudo isso na fronteira entre o drama e a comédia e com múltiplas linhas narrativas. Reler Tchekhov hoje, e mais, lançar uma obra sua inédita no Brasil, com um olhar inquieto e comprometido, significa descobrir novas dimensões tanto em sua obra como em nós mesmos.
A escolha de uma peça de Tchekhov, ainda inédita no Brasil, como foco de pesquisa e criação vem de encontro às linhas de trabalho da companhia que, além de criar textos próprios (PRETO 2017; PROJETO bRASIL, 2015; Vida, 2010; A Viagem, 2009; O que eu gostaria de dizer, 2008; Volta ao dia…, 2002) e lançar autores contemporâneos inéditos no Brasil (Krum, de Hanock Levin, 2015; Oxigênio, de Ivan Viripaev, 2010; Projeto Copi 2007; Apenas o fim do mundo, de Jean-Luc Lagarce, 2006; Suite 1, de Phillipe Minyana, 2005) também faz releitura de clássicos (O Empresário, de Mozart, 2004; Daqui a duzentos anos, a partir de Tchekhov, parceria com o ACT em 2005). Depois de alguns anos dedicados à criação de dramaturgia original e à tradução e montagem de autores
contemporâneos inéditos, chega o momento de retornar aos clássicos sem perder, no entanto, o caráter de inovação e ineditismo.