SEM PALAVRAS
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Nova criação do diretor e dramaturgo Marcio Abreu e da companhia brasileira de teatro.
“A existência não admite grau; cada existência possui seu modo de ser, intrínseco, incomparável.” David Lapoujade
Trata-se de uma ficção livremente inspirada no livro “Un appartement sur Uranus”, do filosofo espanhol transgênero Paul B. Preciado e nos escritos da autora e ativista brasileira Eliane Brum.
Num apartamento vazio, na duração de um dia, uma sequencia de possibilidades de encontros. Personagens que estão sempre em deslocamento e em transição passam por esse apartamento. Não sabemos de onde vem nem para onde vão. Tudo é transitório. A terra treme. As gramáticas se reformulam. Dentro e fora se invadem. Público e privado se misturam. Tempo e espaço se transformam continuamente. Pessoas em movimento constante se deparam com o outro provocando impulsos de vida, possibilidades de histórias, acontecimentos inesperados, imagens de futuro. No entanto, no fim, veremos todos juntos: a imagem de uma multidão por vir, numa vertiginosa reinvenção de linguagem.
Trata-se de uma dramaturgia inédita, composta de cenas sem palavras assim como de cenas com palavras, composta ainda de corpos e de imagens. Nutre-se da colaboração contínua entre artistas de teatro, dança e performance que já trabalharam juntos, mas também agrega novas parcerias.
Sem Palavras surge quando as palavras não dão mais conta, quando elas são insuficiente para refletir os acontecimentos em sua velocidade desmedida, quando já não são mais ouvidas, quando necessitam de renovação, quando reivindicam sua dimensão politica e poética, quando querem reverberar não como lugar de poder, mas como corpo íntegro e permeável na sociedade, quando querem ativar a escuta e conviver com outras palavras, com outros corpos. Quando se fazem corpo.
Fazer um espetáculo a partir do titulo Sem Palavras – que nos serve como dispositivo provocador do processo criativo – é desdobramento de uma série de peças anteriores que se inscrevem na dinâmica da interação entre linguagens diversas e abordam temas ligados aos pensamentos decoloniais e às urgentes e vertiginosas transformações das sociedades contemporâneas. Por exemplo, entre 2013 e 2018, incluídos nesse período pesquisa, ensaios, temporadas de estreia e circulação, foram criadas por Marcio Abreu em parceria com artistas de diversas cidades do Brasil, seguindo no repertorio de suas devidas companhias, as peças PROJETO bRASIL e PRETO (ambas com a companhia brasileira de teatro) , NÓS e OUTROS (ambas com o Grupo Galpão).
Em todas essas experiências, estão em jogo a convivência de diferenças e a abordagem de temas que não se esgotam nem na arte nem na vida. Está em jogo a presença de corpos em constante relação e diálogo com outrxs corpos, com a multiplicidade de modos de existência e de articulações éticas e estéticas, assim como com as mutações próprias da época em que vivemos.
Sem Palavras quer ser uma peça de hoje para, por e com as pessoas de hoje, quer inscrever-se no agora e projetar-se num futuro possível, no qual cada singularidade vibre e ilumine possibilidades de vida.