Descartes com Lentes
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Um fluxo de linguagem, que reinventa a língua. Uma construção literária que imagina a vinda do filósofo René Descartes para o Brasil na caravana de Mauricio de Nassau. O confronto entre as prerrogativas do pensamento cartesiano e outras formas do saber, baseadas nos fluxos exuberantes da terra brasilis. Um solo com a atriz Nadja Naira, que percorre os acidentes narrativos desse texto de juventude do poeta-farol Paulo Leminski.
Escrito no final da década de 1960, o texto é considerado o embrião gerador de Catatau, a obra mítica do poeta curitibano.
“Nestes climas onde o bicho come os livros e o ar caruncha os pensamentos, estas árvores ainda pingando as águas do dilúvio. Ah, Brasil, Parinambouc, minha Tróia, este mundo é sujeira; este mundo não sai: é uma sujeira em meu entendimento no vidro de minhas lentes.”
Paulo Leminski nasceu em 1945 na cidade de Curitiba, estado do Paraná, no sul do Brasil, mestiço de pai polaco com mãe negra. Poeta multimídia transitou em diversas áreas: poesia, prosa, tradução, publicidade, artes gráficas, quadrinhos, TV, música popular. Foi também professor de história e faixa-preta de judô. Sua estréia como escritor foi na Revista Invenção, do grupo concretista de São Paulo em 1964 aos 18 anos de idade. Durante as décadas de 60, 70 e 80, ele reuniu em sua volta várias gerações de poetas, escritores e artistas. Sua casa, no bairro do Pilarzinho, virou um local de reuniões informais e até de “peregrinações”. Muita gente queria ver Leminski, desde desconhecidos a famosos como Caetano Veloso, de quem foi parceiro em composições musicais. Fez parte da vanguarda poética brasileira, escreveu e traduziu haikais, criou versos livres, biografou personagens improváveis como Jesus Cristo, Trotski, Bashô e Cruz e Sousa, produziu uma obra múltipla, na qual se destaca o Catatau, grande fluxo narrativo joyceano, considerada sua obra mítica. Boêmio inveterado morreu em 1989.